segunda-feira, fevereiro 27, 2006

"Haverá entre nós, muita gente que disponha dos meios para fazer o seu trabalho como é devido, com amor? Porque qualquer trabalho necessita de ser feito com vontade, exige o amor do trabalhador, exige um entrega total. Haverá, afinal, muita gente que encontrou a sua vocação? [...] Então, nos caracteres ansiosos de actividade, mas fracos, femininos, ternos, nasce a pouco e pouco aquilo a que se chama «sonhadorismo», e o homem deixa de ser homem, torna-se numa espécie esquisita... - o sonhador.

[...]

A realidade produz no coração do sonhador uma impressão grave, hostil, e então apressa-se a meter-se no seu cantinho secreto e dourado, que na realidade é, não raro, poeirento, desmanzelado, desarrumado e porco. A pouco e pouco, o nosso rebelde começa a alienar-se dos interesses comuns e, gradualmente, imperceptivelmente, começa a embotar-se nele o talento de viver na vida real."

É assim o herói de Noites Brancas.

Fiódor Dostoiévski





São nas noites brancas
dos dias negros
que em mim me despeço
daquela que fui,
da cor que dei aos dias escuros.
Do sol que vejo todos os dias
daquele que mostro aos outros
vejo fumo,
cinzento.
Do fogo restam cinzas.

1 Comments:

Blogger Nani said...

Parabéns :)

O melhor post deste blog sem sobra de dúvidas... Adorei ver-me e rever-me neste texto...

Faz sentido... Faz tudo sentido...

Há tanto a dizer... Tanta preguiça de escrever... Não há nada que possa escrever que expresse o que penso ou sinto... Está tudo aí... nessas linhas deste post...

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10:15 da manhã  

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