quinta-feira, agosto 31, 2006

Fiquem sentados a ver passar os créditos

Aplaudam, amigos, a comédia acabou.

Ludwing van Beethoven
(últimas palavras antes da sua morte)

excerto de uma noite de diário...

É incrivel a força que temos quando estamos tristes… Vagueei por um Porto semi-deserto com uma mala que apesar de me ter pesado durante todo o dia não me pesou agora que estou triste. Cantei com uma força na voz que não me é característica. Não digo que não tive medo de ser assaltado, tive-o mas já nada me importava…
Fumei muito, serão dois maços de L&m – Blue label muito?, (e eu que raramente fumo tabaco).
Nada me importava. Estavas perto mas era como se já estivesses longe.


Vi um Douro da Ribeira enquanto jantava e só me lembrava era de ti… de nós… estavas “já” do outro lado do rio e para mim era como o que nos separasse fosse um oceano… Estavas perto e eu quase que te podia sentir… No entanto estavas longe mas sempre comigo…

Às pessoas que jantavam nas mesas ao meu lado, indiferente à minha dor, só me apetecia contar-lhes a nossa história. Alegrá-las para de seguida entristecê-las. Queria ouvir palavras enganadoras de conforto. Palavras que me falassem d’amores impossíveis que d’alguma forma me pudessem dar alguma esperança. Que me ajudassem a suportar este vazio a que a distância e o destino nos obrigaram..

Não gosto de ter de esperar por um autocarro que me vai levar para longe de ti… Olhar para o telemóvel e ver que ainda faltam 3 horas… 3 horas para sair da tua vida. Não gosto de estar a escrever estas palavras (no caderno que com tanto amor me deste), quando o que mais queria era estar frente-a-frente para tas poder dizer…Não gosto (?) de estar a receber mensagens tuas a dizeres que eu já não acredito quando o que mais quero é estar contigo…

Enviada – “acredito, acredito, acredito! adoro-te muito, muito! Tenho medo de amanhã de um Gonçalo que não conheci, de uma Raki que não quero saber triste. De um amor que não quero acabado e que vejo subditamente interrompido .(“
30 aug 06 22:41:26

“repetidas, as palavras ganham uma tal força que, no seu foro íntimo, [..] as vejo escritas em maiscúlas”

isto diz-me Milan Kundera logo no final do primeiro capítulo d’ “A Ignorância” livro que me acompanhou nesta viagem por este Porto mágico….

Adorava poder repetir-te todos os dias como te adoro… Como te quero fazer feliz…

“Autocarro para Braga” dizem no intercomunicador.

22:45 – Quanto tempo mais tenho que esperar para te ver?

Adorava que entrasses por aquela porta para nos despedirmos… Dizias o quanto me adoravas… Chorávamos os dois e despedíamo-nos com um caloroso beijo enquanto eu, a limpar as lágrimas, entrava no autocarro… Mas não, isso só acontece nos filmes.

A senhora do meu lado pergunta-me se pode ligar para Inglaterra com dois euros… Ofereço-lhe o meu telemóvel pedindo-lhe que seja breve… Não se lembra do indicativo… Eu marco o primeiro de dois números que não dá… O segundo também não… Ainda assim cobrou-me por ter ouvido a voz da operadora… Inglaterra… Não podia sair do Porto sem mais uma, desta vez infeliz, coincidência… Inglaterra, Inglaterra… Não tenho nada para te dizer visto não me dizeres nada…

E tu que não chegas por aquela porta de onde só entra frio… Recebo nova mensagem tua… Não estás em casa… Não querias estar em casa… Lês um livro (“Tudo o que temos cá dentro”) que te lembra de mim. Preocupaste comigo, tentas descansar-me dizendo que farei sempre parte da tua vida… Sim, acredito que sim… Farás sempre parte da minha….

[Pedem-me para guardar umas malas enquanto vão ao café… a mesma senhora de há bocado]

2 semanas…. Para ser mais preciso 2 dias para 2 semanas… Talvez seja pouco tempo para alguns, para mim pareceram uma vida a teu lado…

Fumo sem parar… escrevo sem parar… as mais belas canções d’amor falam num fim… porquê? Sempre tive uma ideia de fim muito presente ao longo da minha vida ainda assim isso em nada facilita o que se está a passar agora…

Adoro-te! Já to tinha dito? Sim, já… muitas vezes que mesmo agora me aprecem demasiado poucas… A água que bebo sabe-me mal… O jantar nem me lembro… Comi sem vontade e tão absorvido em ti que nem me recordo… Filetes de pescada, arroz, salada e batatas; bolo de bolacha como sobremesa; cerveja e café a acompanhar… mas não me lembro se gostei… Dói-me a cabeça, apetece-me dormir são 23h15m e ainda me faltam 2h para partir… Porque não entras com o frio? Não, Não e Não! Isso não vai acontecer! Despedimo-nos no jardim de tua casa e eu não sei quando te torno a ver… Chorei mal entrei no autocarro. Liguei ao Sérgio porque precisava de falar (pedi-lhe para ele não to dizer porque não te queria deixar mais preocupada).

Há mais de uma hora que não choro… Deve de ser por não ter mais lágrimas para chorar…

Não gosto do Nani deprimido, aquele que escreve sem parar (e sem pensar). Prefiro o Nani dos silêncios, aquele que conheceste… Aquele que olhava e se perdia na doçura dos teus olhos… Aquele que tinha dificuldade em exprimir aquilo que sente por ti….
Oiço ambulâncias ao fundo… penso em ti… Estás bem..? Espero que sim….

Escrever distrai-me, ainda assim o tempo parece não passar…

[a senhora chegou… oferecesse para me pagar um café ou alguma coisa que eu queira comer… agradeço mas rejeit… ela fala-me do quanto gosta da nossa comida, da sandes de carne assada que comeu e que sentia falta, do quanto odeia Inglaterra.. “não há como a nossa terra…” diz-me… é bem verdade… é madeirense, claro! Lol “um ano lá é pior que os 16 que estiveem Lisboa”. A tua mensagem “salva-me” da nossa conversa aborrecida e de circunstância que ela me obriga a ter]

Digo-te por mensagem o quanto não quero ir embora… Como o que quero é estar contigo… Fazer-te feliz… Dói demais ver-me obrigado a “desistir” de ti. Mas não desisto…

Disse-te esta tarde no jardim perto de tua casa “Eu quero-te, desde que tu me queiras…” não te pressiono… “o que as mulheres querem é serem donas do seu destino” disse-nos aquele contador de histórias em Lagos… A decisão é tua… uma vez mais digo-te – Não te estou a pressionar! Mas não posso remar sozinho contra a maré…”

“ I hope someday you’ll have a beautiful life, I know you’ll be a star in somebody elese’s sky… But why can’t it be in mine?”
Pearl Jam – Black – aqueles mesmos que têm um anúncio fixado a falar do concerto que vai haver para a semana naquela janela à porta, a qual tu nã vais entrar… não esta noite; lembraste?

Adoro-te! Já to tinha dito hoje?

“um ano não é uma vida, nunca se sabe… não quero pensar que acabou, já disse. Por muito perdida que esteja é isto que sinto hoje.”
30 aug 06 21:42:39

Decidi animar-me porque tudo foi lindo e só tenho é que estar feliz por isso…
“Não fiques triste porque acabou mas sim feliz porque aconteceu” dir-me –ia o Sérgio se estivesse aqui comigo.

“Hoje é impossível estar bem. O facto de ter sido tudo tão bom é que me faz ficar pior, pelas saudades e pelo vazio de já não te ter. adoro-te mesmo.”
30 aug 06 23:51:17

Nem 10 minutos aguentei… li a tua mensagem e não consegui conter duas ou três lágrimas… Sinto demasiado a tua falta.. Há de facto um vazio por não te ter.. as há cá dentro um sentimento por ti que veio para ficar(?).

Dizes que me adoras e “ainda” me chamas de “meu amor”… Adoro a forma como isso me conforta o peito…

Fui lá fora fumar um cigarro e vi que estou num sitio que se chama “Campo dos Mártires da Pátria” porque não chamá-lo de Campo dos Mártires do Amor”? de momento faria muito mais sentido…

Enviada – “Dói não saber quando te volto a ver… não te ter um último beijo de despedida. Ainda que seja só isso. Um último beijo de despedida”
31 aug 06 00:15:23

“[..] despedida não. Só me despeço de ti. Quando sentir a morte por perto.”
31 aug 06 00:17:45

adoro o teu lado negro… sempre to disse… e sempre o disse a quem estivesse disposto a me ouvir…

enviada – […] seria então um beijo de até já. A vida é feita de encontros e desencontros. Quero muito que os nossos caminhos se voltem a cruzar ,)*”
31 aug 06 00:22:36

Hoje adormeci a teu lado nos jardins do Palácio de Cristal enquanto olhava para a “nossa” ponte… adoram poder voltar a fazê-lo… tiraste-me fotos enquanto dormia… eu sonhava contigo nesse momento… é lamechas não é? O Amor é lamechas e por isso não me sinto envergonhado… adoro sentir-me estúpido… adoro mesmo estar estúpido d’amor… lembro-me do chá frio que bebemos… de maracujá (fruit de la passion) ouvíamos Camille… de mãos dadas ouvia-te falar… e adorava… adorava que todos os meus dias fossem assim…

Faltam 25 minutos. Sei agora que não vai haver qualquer tipo de despedida de ultima hora… que das dezenas de pessoas que entraram não és nenhuma delas… e dói demais… não tens culpa… fui eu que te pedi assim… fui eu que te disse que era melhor assim… que te pedi que mentisses a teus pais dizendo que já me tinha ido embora… arranjando assim uma justificação para o facto de não ter ido jantar lá a casa…

-“ O autocarro com destino ao Algarve já se encontra na paragem…”

Senti falta do teu beijo, do teu abraço… pus a mala na bagageira… liguei-te antes de entrar… precisava de ouvir a tua voz ainda que “só” por 11 segundos..

Choro ao escrever… ao deixar o Porto… ao te deixar… parte de mim fica cá…. A deambular pelas ruas.. no rio… a parte que te procura… aquela que deixei contigo.. aquela que espero um dia (re)encontrar…

Olhei agora para a caneta que está quase no fim… acreditas? Espero que não acabe ao longo desta noite… Vou-te a mandar pelo correio quando chegar ao fim.. juntamente com o teu andante… aquele que me emprestaste para a minha, tão cobarde, saída…

01h21m Parto do Porto…

segunda-feira, agosto 14, 2006

black cherry



o esperar(-te) à janela...

memórias



[...]
restos de um ano que passou,
guardados mas não esquecidos...

sexta-feira, agosto 11, 2006

Sabedoria popular

Eu quero sempre saber tudo... Depois quando descubro... descubro também que não precisava de saber tanto!!!!


[ai ganda Nessa! é só sabedoria...]

quinta-feira, agosto 10, 2006

o sonho...

Esta noite conheci duas pessoas com histórias de vida no mínimo fascinantes.

O Kyle vem da Califórnia e já esteve há três meses atrás em Lagos. esteve em Espanha e agora voltou a Lagos pelas ondas e pelo calor do verão; o Christian é australiano e nos últimos 4 meses e meio esteve em cerca de vinte países...

ahhhhhhh a inveja... :þ

(RE)post

- Porque me pedes que mude isto ou aquilo em mim?
- Não era eu já assim quando nos conhecemos?
- Alguma vez te escondi alguma coisa?
- Tenho eu segredos para ti?
- É isso que pensas?
- Ham?
- Não te percebo...
- Fui, sou e serei sempre aquilo que vês...
- Não tenciono mudar...
- Para quê mudar?
- Porquê mudar?
- Terei eu de mudar para que gostes mais de mim?
- Para que me ames mais?
- Assim como sou não sou suficientemente bom para ti?
- Talvez não...
- Talvez não seja...
- Talvez quem tu procuras não exista mais...
- Ou talvez nunca tenha chegado a existir...
- Não será possível que tu exijas de mais?
- Que tal gostares de mim assim como eu sou?
- Serei eu algum monstro?
- Terei eu me transformado em algo impossível de amar?
- Não sei...
- Talvez...
- Ou talvez sejas tu que nao saibas dar valor ao que um dia tiveste e que agora perdeste para sempre...


Todas as histórias são diferente mas existem sempre pontos, situações e lugares-comum. Cíclica(?). Talvez... Não o sei responder...

terça-feira, agosto 08, 2006

ler os números como quem conta estórias

08. 08. 2006 ... 8 meses depois

É terrível termos saudades sem nos podermos lembrar

A morte mata mais do que se pensa.
Os mortos levam quase tudo com eles.
Diz-se que deixam lembranças e saudades, mas é tudo um truque
- açambarcam as lembranças e só deixam o lixo, as saudades.

É terrível termos saudades sem nos podermos lembrar. Cada vez precisamos de nos lembrarmos de mais, mais cedo degeneramos e começamos a esquecer e a inventar. Por justiça cada saudade deveria ter a respectiva lembrança, como cada som tem a sua origem. Quando alguém morre ou se deita uma casa abaixo, a vontade de vê-la ou de viver nela continua de pé, mas, distante delas, só existe um buraco.
Um buraco que um dia nem buraco será; onde nem sequer se poderá cair.

M.E.C :: O Amor é fodido

and if you found the one you were meant for

Kate: It's kind of a long distance realtionship.


Lake House :: Alejandro Agresti :: 2006