Era, sou.
Fecho agora cada vez mais a boca. Escrevo em blogs. Faço um percurso tão curto quanto o do meu quarto ao escritório e por aí fico. Já pouco grito, já pouco falo, já pouco me manifesto. Finalmente questiono-me de verdade. Questiono as certezas que tinha quando era cheia delas e sem nenhumas. Lamento que para que exercesse o meu poder, tivesse que ser arrogante, e aparentemente confiante. Não sou.
E assim me vou perdendo e encontrando cá dentro. Para fora passo cada vez menos e desejo cada vez mais. A tristeza que me invade quando me vejo a dar ao sistema é corrosiva. Nunca conseguirei conjugar a vontade de mudar com uma pacificidade interior. Sou agora uma pessoa mais calma, mais compreensiva, mas também mais passiva. Inerte. Apática.
No tempo em que revolucionava não me conhecia.
Agora que me vou conhecendo, não tenho força.
O processo ainda não está completo... e quanto mais me conheço mais me perco. Onde está a objectividade de outrora? A vontade? A arrogância foi-se embora, era ela a minha defesa. Mas nessa altura ninguém me detinha.
Pensando bem nunca fiz nada.